segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Música na Educação Especial


Transformar o fazer musical em algo tangível para todas as pessoas, independente de suas características físicas, mentais ou psicológicas, fundamenta-se na necessidade de uma sociedade preparada para receber e lidar com a diversidade. Música engloba um vasto campo de conhecimentos, atuações e possibilidades. Ao educador musical interessado no ensino da música a crianças, jovens e adultos com necessidades especiais, é fundamental o engajamento na promoção da troca de conhecimentos com outros profissionais que estejam envolvidos com o processo de reabilitação e inclusão, que acreditem na música como instrumento valioso de desenvolvimento. Ampliar e divulgar as possibilidades da música na educação especial, compartilhando idéias, conhecimentos e experiências com pedagogos, psicólogos, psicopedagogos, terapeutas, músicos, musicoterapeutas, arte-reabilitadores, fonoaudiólogos, exigem do educador constante empenho na construção e atualização de suas competências, assumindo sua busca por uma formação contínua.

É preciso reconhecer que o domínio da matéria musical não basta se não está unido ao interesse, ao entusiasmo e à convicção da utilidade daquilo que se está transmitindo. Gainza (1988, pp. 93-100) nos fala sobre o espírito e a técnica na educação musical, afirmando que o espírito e a técnica pedagógica se realimentam mutuamente e que, no entanto, o espírito preside e ilumina a técnica, sustentando que o espírito pedagógico é positivo, porque acredita, tem fé na pessoa e em si mesmo, é entusiasta e progressivo; almejando alcançar algo e se questionando a todo instante, é alerta e inconformista, além de ser flexível, ou seja, mutável e adaptável às circunstâncias.

Adaptar faz parte do processo natural de aprendizagem e desenvolvimento do ser humano. Isso não significa que os métodos ou técnicas utilizados para educar uma pessoa com deficiência sejam os mesmos utilizados para educar uma pessoa sem comprometimento. Conforme Louro (2006, p. 29), quando o comprometimento é ínfimo ou nada interfere no fazer musical ou na cognição, a maneira de ensinar é a mesma, mas diante de dificuldades extremas serão necessários métodos alternativos ou adaptações. A mesma autora aborda três tipos de adaptações especificamente relacionadas às pessoas com necessidades especiais: Neuroplasticidade, Tecnologia Assistiva e Adaptações Pedagógicas.

A neuroplasticidade refere-se ao potencial adaptativo do cérebro. Traços de personalidade, motivação interior e disposição em desafiar obstáculos, conjugados com uma motivação externa adequada, um estado afetivo condutor e um contexto cultural apoiador, podem favorecer o desenvolvimento da aprendizagem ou adaptação do organismo diante de uma dificuldade. Essa atividade adaptativa, presente na natureza humana, é favorável também ao ensino e aprendizagem musical envolvendo pessoas com necessidades especiais. Devido à plasticidade cerebral, Louro (2006, p. 73) nos ensina que

                            “um professor nunca pode dizer que um aluno é incapaz de aprender algo ou executar uma tarefa. Antes de julgar ou mesmo desistir do aluno, é necessário tentar.”

A Tecnologia Assistiva é um ramo da Terapia Ocupacional que visa promover adaptações para facilitar as atividades funcionais de pessoas com deficiências. Em relação à música, a tecnologia assistiva pode ser de grande utilidade. Dispositivos para fixação de instrumentos musicais, instrumentos adaptados, órteses, mobiliário e utensílios escolares modificados, pranchas de comunicação, softwares e adaptações para computador, são alguns exemplos que fazem parte da tecnologia assistiva.

As Adaptações Pedagógicas referem-se às várias modalidades de adaptações curriculares que podem ser promovidas em prol da aprendizagem de alunos com necessidades especiais. Adaptações de “objetivos” e “conteúdos” referem-se à possibilidade de trabalhar com conteúdos programáticos diferenciados, em consideração às necessidades e dificuldades dos alunos. Alterações na maneira de lecionar ou nas estratégias de ensino levando em consideração as particularidades de cada um, compõem a adaptação de método de ensino. Alterações na maneira de tocar determinado instrumento - adaptação “técnico-musical” - permitem a manutenção da qualidade musical através de modificações de dedilhado, de andamento, dinâmica, distribuição de vozes (arranjos), entre outros. Um professor de instrumento tendo essas informações básicas pode procurar outras maneiras de adaptar a realização musical instrumental para pessoas com necessidades especiais.

A aprendizagem musical trabalha diversos elementos importantíssimos para a formação humana e, em uma sociedade verdadeiramente democrática, pessoas com necessidades especiais deveriam ter oportunidades no que se refere a educação musical. Poucos professores de música são beneficiados por informações pertinentes às pessoas com deficiências durante seu processo de formação. Um maior alcance para a Música na Educação Especial deveria compor a formação na licenciatura em Educação Musical e a formação continuada de educadores, no sentido de capacitação profissional para atender em suas aulas pessoas com necessidades especiais.

 
Referências

GAINZA, Violeta Hemsy de. Estudos de psicopedagogia musical. São Paulo: Summus, 1988.
LOURO, Viviane dos Santos. Educação musical e deficiência: propostas pedagógicas. São José dos Campos, SP: Ed. do Autor, 200

Um comentário:

  1. Ambientes barulhentos agridem

    Na 22ª. segunda semana de gravidez, a cóclea, órgão que abriga todos os componentes da audição dentro da orelha interna, já está completamente formada. Isso quer dizer que o bebê ouve a mesma coisa que você.

    Estudos já demonstraram que o líquido amniótico pode amplificar alguns tipos de som, como os muito graves. A voz da mãe também é amplificada em cerca de 5 decibéis.

    Um estudo chegou a mostrar que mulheres que trabalhavam oito horas por dia num ambiente de muito barulho (em volumes que exigiam proteção auricular) corriam mais risco de ter bebês com problemas auditivos.

    Além disso, é preciso considerar que um barulho muito forte faz com que o organismo da mãe produza hormônios ligados ao estresse, fazendo o coração acelerar, o que não é bom para a saúde cardíaca do bebê.

    Os bebês, desde o útero materno, ouvem e reconhecem vozes. Sabe-se também que são capazes de sentir emoções da mãe, de se assustar e que após o nascimento terão memórias da vida intra uterina.

    O psiquiatra canadense Thomas Verny explica no livro “Bebês do Amanhã: Arte e Ciência de Ser Pais”, que desde os primeiros meses de gestação, a criança é capaz de identificar certos acontecimentos.

    “Com 4 meses e meio, se você acender uma luz forte na barriga de uma gestante, o bebê vai reagir. Se fizer um barulho alto, ele tenta colocar as mãos nas orelhas. Se colocar açúcar no liquido amniótico, ele vai dobrar a ingestão. Bebês gostam de açúcar! Quando se coloca algo amargo, o bebê para de tomar o líquido e faz cara feia. Eles sentem a diferença entre doce e amargo, reagem à luz, ao toque e ao barulho.”

    Vídeo-game e todos os brinquedos sonoros devem ser avaliados pelo som que emitem. “O sistema auditivo é um órgão sensorial extremamente delicado e passível de lesões se for muito carregado, principalmente em bebês, que têm uma sensibilidade auditiva muito apurada. A célula ciliada do ouvido interno do bebê sofre com o ruído excessivo e esse abuso pode acabar levando à sua destruição”, alerta o otorrinolaringologista Jamal Azzam.

    A indicação é sempre manter os pequenos longe de ambientes muito barulhentos, seja um local fechado ou na rua, onde o som do trânsito também causa incômodo. Se for inevitável fugir desses locais, o ideal é proteger os ouvidos da maneira certa. “Muitos pais usam algodão para tapar o canal auditivo, mas isso não garante a vedação necessária do som. Uma opção é usar fones de ouvido de boa qualidade que preservem a audição”, finaliza Azzam.

    “Há uma região no cérebro chamada “tálamo”. Esta é a parte do cérebro na qual a música é percebida. No tálamo as emoções, sensações e sentimentos são percebidos antes destes estímulos serem submetidos às partes do cérebro responsáveis pela razão. A música, portanto, não depende do sistema nervoso central para ser assimilada imediatamente pelo cérebro. Ela passa pelo aparelho auditivo, pelo tálamo e depois vai ao lobo central.

    A “batida” que substitui o ritmo provoca um estado de emoção que a mente não discerne. Desorganiza a química. As batidas graves da percussão afetam o líquido cerebrospinal.
    O volume (amplificado) das músicas acima de 50 decibéis prejudica a audição e a saúde cerebral”.

    Ivone Boechat

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